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Gaza: Presidente cabo-verdiano critica abstenção na ONU
02/11/2023 08:45 em Notícias Internacionais

A propósito da abstenção de Cabo Verde numa resolução das Nações Unidas sobre o conflito entre Israel e o Hamas, José Maria Neves criticou esta quarta-feira (01.11) o posicionamento do Governo.

"Constato, com pena, que este Governo tem sido muito tímido, beirando às vezes a deslealdade constitucional, na informação e articulação, agindo sozinho, como se isso fosse conforme a Constituição e mais proveitoso para o país", escreveu o Presidente cabo-verdianao na rede social Facebook.

O chefe de Estado já tinha dito aos jornalistas, na terça-feira (31.10), que não compreendia a abstenção de Cabo Verde, por estarem em causa direitos humanos, lançando um primeiro apelo à concertação neste tipo de matérias.

José Maria Neves foi acompanhado nas críticas pelo partido que o elegeu, o Partido Africano para a Independência de Cabo Verde (PAICV), na oposição, que classificou a abstenção como um ato de "autoisolamento diplomático", sobretudo no contexto da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

A Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU) aprovou na sexta-feira passada, com 120 votos a favor, uma resolução que apela a uma "trégua humanitária imediata, duradoura e sustentada" em Gaza e à rescisão da ordem de Israel para deslocação da população para o sul do enclave.

Votaram contra este texto países como Israel, Estados Unidos, Áustria ou Hungria e, entre os países que se abstiveram, estão Ucrânia, Reino Unido, Canadá, Alemanha, Iraque e Albânia.

MNE invoca "interesse nacional"

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Cabo Verde justificou na quarta-feira (01.11) a abstenção do país na resolução das Nações Unidas sobre o conflito entre Israel e o Hamas. Segundo Rui Figueiredo Soares, imperou para esta posição o "interesse nacional".

O chefe da diplomacia cabo-verdiana garante que "Cabo Verde tem facilitado as ações humanitárias a favor do povo palestiniano", mas considerou "parcial" a resolução que pedia tréguas humanitárias, por não referir o ataque do Hamas de 7 de outubro.

"O processo de votação foi fraturante para várias regiões e blocos de países, mesmo para aqueles que dispõem de instrumentos definidores de política externa comum, como a União Europeia, o que devia convidar os atores políticos cabo-verdianos a dar prova de moderação acrescida, análise mais serena, ao invés de se utilizar este voto como arma de arremesso", disse, em conferência de imprensa, no Palácio das Comunidades, na Praia.

 "Não confundimos de forma alguma o povo palestiniano com o Hamas, mas também não podemos aceitar leituras enviesadas, parciais do conflito", acrescentou o chefe da diplomacia de Cabo Verde.

Rui Figueiredo Soares recomendou "moderação" sobre o assunto "fraturante", sem fazer dele "arma de arremesso" na política interna. O ministro entende que "compete ao Governo definir e executar a política externa".

Fonte: DW

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